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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Feijoada Braba

Feijoada Braba
Feijoada braba
Pesou pra burro no bucho
Feito âncora levada ao fundo
Pesou mais na cabeça
Da tristeza do moribundo

Feijoada indigesta
Concreto armado na barriga
Líquido azedo de refluxo
Soco ácido no estômago
Ressaca, descarga, repuxo

Feijoada completa
Acompanha torresmo duro
Da vida roída no osso
Farofa de poucos miúdos
Já que miúdo foi o bolso

Feijoada mesquinha
Carne seca estava em falta
Preço do paio em alta
Costela, só se for a minha
E nem sinal da caipirinha

O jeito foi tomar um Zulu
Pra encarar esse angu
Desceu rasgando a goela
O peito, o bucho e as tripas
Pra completar a besteira
Da pobre feijuca lembrar
Me deu uma caganeira
E nem papel pra me limpar

Manogon


Uma poesia pra tirar um barato. Uma forma de rir daquilo que às vezes pode ser desastroso e que reflete também uma desgraceira maior. Não aconteceu de fato, mas há fatos que podem ser vistos aos poucos, isolados ou acompanhados. Já vi mesmo um cara, depois de se enfiar como voluntário numa obra a espera dos bebes (nem tanto os comes), encarar uns bons goles de álcool (que era pra acender a churrasqueira), na falta ou pelo excesso da pinga, e sair se maldizendo. Terrível e deprimente...

Riso Raso

Um riso raso
Raro e caro
Sem preparo
Sempre para
Se depara
Se deprava
Rico rio de raros
Risos Rasos

Raros risos
Raivosos, Rotos
Divididos
Distantes
De instantes
Raros e ralos

Escassos risos
Sorrisos díspares

Pare! Diz um riso
Dispara! O outro incita.

Ela só ri, sorriso raso
Não se excita nem hesita.

Disparo!

No canto da boca
Fluído em fluxo
Resta o resto
De um raro e caro
Raso ruído riso

Manogon