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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Conta gotas


Sinto o
Pingar
Da prosa
Suplicante
Gotejante
Solitária
Uma a uma
No meu oceano
Poético

Manogon

Fonte


Das lágrimas de seus olhos
Fiz minha Quaresma penitente
E supliquei perdão aos meus pecados
Na sua santa carícia e nos afagos

Das palavras que escorreram
Da doçura de seus lábios
Fiz-me bem-te-vi e me saciei
Do seu mais puro néctar

Do brilho de seus olhos
Orientei minha nau da deriva
Bebi de sua fonte à tarde
E vislumbrei meu horizonte

Do seu calor de amante
Virei-me em brasa e luz
E achei meus caminhos e segredos
Na inquietude de suas marés lunares

Manogon


Para minha inspiração de todo dia
Eunice Quitéria

Primavera


E essa força que dilacera
Que rompe, roça, rasga
Uivo longo e agudo
Que corta a brisa mansa
Dissipa a barreira enevoada
Semente teimosa
Germinando em rochas
Árvore frutífera
Florindo, flor indo
Palavras maduras
Versos caindo
E essa força que dilacera?
Rompe, irrompe, aos montes
Às pencas, aos molhos, aos cachos
Ramalhete de sentimentos
Coloridos como gerberas
Miúdos e milhares
Véu de noiva
Que cobre e enfeita
E essa força?
Sei lá
Paixão
Coisa de poeta
Que nasce em botão

Manogon