Páginas

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Criatura Divina

Um beijo daqueles pai d'égua
Pra quem já correu muitas léguas
Gritando e fazendo alarido
Atrás de filho malouvido

Abraço pra essa criatura
De bondade e formosura
Mas que vira bicho onça
Se judiarem de sua criança

Graças pra toda mulhé
Que já até dormiu de pé
Velando dos filhos a dormida
Depois de uma dor sofrida

Pra cada mãe os devidos louros
Pela força de vinte touros
Pela demonstração de garra
Criando a família na marra

A quem tem tanta brandura
Dias de carinho e ternura
Ela que leva pra onde for
Quantia sem fim de Amor

Manogon

Flash Back

Um desejo no peito contido
Que não pode ser atendido
Mas que levo fresco na mente
Abraço, sorriso, voz doce e beijo quente

Manogon


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Ícaro

(foto retirada da internet, sem autor definido. Se alguém souber, favor avisar para que o crédito seja inserido)


Ícaro

Se o pavão é misterioso
Se o chão se torna penoso
Se há punhos rancorosos
Se sangram olhos odiosos
Se o ar é denso na poluição
Se não se oxigena o pulmão
Se o ranço comanda a ação
Se a fumaça turva a visão

Se tudo lhe parece difícil
Se da penumbra há resquício
Se são nefastos os artifícios
Se encobrem os indícios
Se o passado ainda persiste
Se o dedo está em riste
Se é rasa a superfície
Se ter opinião é burrice

Se as palavras ficaram mudas
Se a malhação escolheu Judas
Se a divisão virou saída
Se encobrir sarará a ferida
Se virou oficial a contradição
Se intolerância cobre a razão
Se dividiram em polos a terra
Se o binário acena paz ou guerra

Se a esperança resolver faltar
Se o vento vindo de cima sufocar
Se o julgarem por concordar
Se o lincharem por discordar
Se a safadeza não o representar
Se a voz do povo se calar
Se os “ses” for o que restar
Se tudo o mais que pensar

Não perca de todo a fé
Mantenha-se firme, em pé
Siga atrás da sua criança
Que corre com segurança
Abra os braços, sinta o ar
Não deixe o corpo lhe pesar
Ninguém o impede de sonhar
E libere a mente pra voar

Mas mantenha a inquietude
A vida não é só de sonhos
Voe bem e voe alto
Mas fique de olho no solo
Que as raposas são sorrateiras
Não esqueça do sol
Asas são boas
Quando não são de cera
E não se descuide
Das aves de rapina
As garras são afiadas
E o ataque é na surdina
Rasante, rasteiro e cirúrgico
Voar é preciso
Mas o voo tem turbulência
Nem sempre calmo 
Nem sempre de céu limpo
Nem sempre de poesia

Manogon