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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Retalhos

Nem tudo que escrevo
É o retrato do que sou
Nem tudo que penso
Revela minha essência
Nem tudo que faço
Pode me elevar ou condenar
Nem tudo que digo
Sai exatamente como quero
Nem tudo que respiro
É ar ou muito menos saudável
Nem tudo que bebo
É insípido e inodoro
Nem sempre encontro comigo mesmo
Mas estou em tudo que faço
Em cada pensamento vago
Do riso amarelo ao amor declamado
Estou em cada uma dessas coisas
Que não têm tudo exato
Mas refletem a colcha de retalhos
Que representa uma pessoa
E os pedaços juntados numa jornada inteira

Manoel Gonçalves

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