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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Massada

Massada

A massa
Amassa
Que massa!
Que massa?

Em forma
Deforma
Em fôrma
(Des)Informa

Ah, massa
Mãos à obra!
Mano, as obras!
Manobras

Grita
A massa...

Invade!
Amassa!
Quebra!
Que passa!??

Palavras de ordem
Palavras de(s)ordem
Não, massa!
Assim, não faça!
Vai na massa
A cinzenta mesmo
Vai na "força"
Fazer pressão
Que força
Que passa
Mas com união
Da massa

Manoel Gonçalves

Gigante acordado (!) (?)

O gigante acordou
Trêmulo, trôpego, tresloucado
Feliz com seus olhos abertos
Correu desavisado
Levou um tropicão
Saiu catando cavaco
Bateu a testa no ego
Cantou o adormecido galo
Com a cabeça zonza e perdida
Perdeu-se em suas medidas
Rodopiou para os lados
Escorregou na banana
Tombou desacordado
Sonhou imagens idílicas
Utopia dos acordados
O gigante acordou!
Façam o comunicado
Mas está fazendo a sesta
Depois de ter se fartado

Continue acordado, gigante
Só não seja tão apressado
Pois pode percorrer mundos
Mas indo pro lado errado


Manoel Gonçalves



Desenho: Willie, o gigante - Galeria da Disney - Mickey e o Pé de Feijão

quarta-feira, 19 de junho de 2013

14º Sarau da Casa Amarela

14º Sarau da Casa Amarela (em São Miguel Paulista, ZL de Sampa), realizado dia 15/06, organizado pelo (como foi apelidado no evento) shogum Akira Yamasaki. Foi muito bom. Algumas fotos aqui. Tudo começou com a abertura da exposição dos quadros de Lígia Regina e Éder Lima: cor e sentimento, feminilidade e vigor, sutileza e contrastes misturados com muita técnica, com técnicas mistas. Aliás, vale muito a visita. O endereço está no flyer anexo. Não pude ficar até o final, mas rolou muita coisa boa e muito talento.


Aqui a minha humilde participação. Um poema de 2010, mas que tem tudo a ver com o momento nacional, exceto a onda de violência. Poema: Calar. Espero que gostem.





segunda-feira, 18 de março de 2013

Crying

O céu chora
Irritado pela poluição
Pela fuligem que subiu das queimadas
Pelo toque pontiagudo dos arranha-céus
Pelos helicópteros que mosqueiam em seu espaço
Ou simplesmente porque chorar ajuda a se limpar

Será saudade do tempo que eu era criança,
Deitava na grama a contemplá-lo admirado,
E achava mágico o cheiro de suas gotas ao tocar na terra seca?
Será resultado da ausência do menino que corria
Ao raiar de seu sol e ao cair de suas lágrimas?

Manoel Gonçalves

Guerra e Paz


Guerra e Paz

Foi por pura opção
Não pela falta ou omissão
Nem imposto pela sociedade
Ou por sua condição

Deixou a bala de lado
A erva, o pó, a escravidão
Mas se armou de forma pesada
De caneta, papel e palavra

Saía só chumbo grosso
Às torrentes, às rajadas
Das linhas, trincheiras e fossos
Marcando na marra suas passadas

Da guerra entre alma e razão
Nuclear era sua convicção
Não quis ser guerrilheiro
Tão pouco era justiceiro

Mas fez da arte sua expressão
Em spray, tinta e pincel
Selou-se enfim o armistício
Hasteou sua branca bandeira
Nos muros da cidade inteira
Achou seu caminho de paz

Manoel Gonçalves
(foto: Borivoj Kuhar Cop)