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terça-feira, 24 de julho de 2007

Ser

Andar por aí... sem pressa, sem destino, sem nada na cabeça, sem preocupação...
Sem pretensão alguma. Apenas pela vontade de estar em movimento. Mente vazia? Não! Mente em constante mutação. Crescimento, absorção, turbilhão de idéias, evolução. Somente a vontade de ser. Um ser pensante, um ser andante, um ser de sei-lá-o-quê, um ser reluzente. Ser a brisa que acaricia o rosto da mulher amada, ser o vento que mexe e tira das folhas da árvore o canto, ser rápido como o pensamento ou lento como a preguiça de levantar no dias frios. Ser tudo que envolve os amantes, ser a volúpia, o medo, o desejo, a luxúria, o prazer ininterrupto. Ser quase um nada, um grão de areia perdido no maremoto. Ser todos e tudo ao mesmo tempo. Mas, na verdade, apesar da miscelânia infindável das coisas que me rodeiam, ser apenas eu. Um ser incompleto e sedento por mais conhecimento, sobre mim e sobre os outros, um ser que não consegue viver sem estar em contato com outros seres, seja da mesma espécie, seja de outras raças, lugares, galáxias, reais ou imaginários. E, com cada um deles, aprender sempre mais do que sou e o que posso oferecer de bom aos outros.
Nada especial. Apenas pensamentos...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Quantos mais?

Diga-me uma coisa: quando você vai à padaria e pede um pão com mateiga e um cafè, o que se espera? Ser bem atendido, não é mesmo? Quando tem algum problema de saúde e vai ao hospital? Que também seja bem atendido (embora nem sempre é o que acontece). Quando se é contratado por alguma empresa ou presta-se algum serviço? Claro que o que esperam de você é dedicação e... ser bem atendido, ou seja, desenvolver um bom serviço. Então por que isso não acontece quando contratamos (através do voto direto ou do ato de delegar poder a outro para que se escolha a mão-de-obra) alguma autoridade ou órgão do governo? Será que é difícil perceber que somos seus clientes e os mais interessados em que tudo seja feito da melhor forma possível e que sejamos também bem atendidos?

Impossível não opinar sobre a tragédia que, mais uma vez, chocou o país. A comoção generalizada, e que me emocionou também, é tanta que, mesmo que eu escrevesse um carta extensa aqui, não representaria nenhum um milésimo da dor que os familiares e amigos estão sentindo. Mas é triste ver que, com ou sem crise ou apagão aéreo, a dúvida sobre os fatos e a segurança dos vôos e aeroportos do país deixa um rastro de indignação, revolta, impotência, angústia e medo.

O pior é saber que as possíveis condições causadoras desse acidente, especificamente, poderiam fazer parte de um plano de contingência, de gerenciamento de crise, de prevenção e manutenção das pistas, e não foi feito o suficiente. Essa é minha opinião, baseada em reportagens e entrevistas que vi e ouvi sobre as eventuais causas. Os indícios podem ser comprovados ou contestados. É evidente que tudo deve ser apurado, levantadas as causas e possíveis culpados, para as devidas punições e indenizações cabíveis. Mas, sinceramente, isso só conforta o sentimento de justiça pulsante em cada um de nós. Isso não traz o ente querido que disse até logo e não voltou mais. Não faz emudecer o grito histérico da mãe que se despediu dos dois filhos e agora, o chão faltou e o mundo lhe caiu na cabeça.

Um assunto como esse deve ser tratado com sutileza e cautela. O que não pode e não deve acontecer é o que sempre se vê: polêmica, numerosas entrevistas, choque geral em todas as classes, momentânea mobilização nas instituições governamentais (independente do partido), oportunismo favorecendo governo ou oposição, gente querendo aparecer ou ganhar mais poder. É imprescindível que se faça de tudo para prevenir (desde uma manutenção até o desvio de vôos, ou quem sabe a possibilidade de construção de um novo aeroporto, em outra região. Isso só as pessoas "competentes" podem dizer) e evitar novas tragédias. Escuta-se falar em cifras para todo canto, até mesmo nos escândalos de corrupção. Se usassem o mesmo esforço mental e organizacional para a prática do bem, esses milhares, milhões, bilhões trariam muitos benefícios para a nação.

Assim como é óbvio ser bem atendido na padaria, hospital e empresa, também devem ser bem resolvidos os anseios da população e suas carências, bem como os serviços a ela prestados. De fato, pouco importa se foi o partido A ou B que fez ou desfez. O importante é que nem um nem outro atrapalhe (interrompa ou mude ações que ajudem ao povo) e que sejam cumpridas as tão faladas promessas de campanha ou as falas de "povo querido". O mesmo se aplica às empresas que lucram com a aquisição dos serviços pelo cliente amigo, fiel e amado.


Afinal, quem ama protege, educa e dá condições de crescimento. Quem ama, não coloca a vida dos amados em risco.

sábado, 14 de julho de 2007

Heróico Brado

Do que é feito o herói? Como é que ele surge? Não, espere aí, não é brincadeira não! Todos já se imaginaram com super-poderes, voando por aí ou sumindo em um lugar e aparecendo em outro, com aquelas roupas esquisitas (cueca sobre a calça! Vê se pode! hehehe). Quem nunca ficou viajando em seus pensamentos, pensando ser o capitão alguma coisa ou o super sei lá o quê? O homem mais forte do mundo ou a mulher que pode tudo? Ah, bons tempos em que a ilusão povoava boa parte dos pensamentos! Pureza e ingenuidade aflorando, sem que ninguém o achasse um tolo, compromisso apenas com a diversão. Éramos todos heróis, sem maldades na cabeça, e protetores dos oprimidos, da honra e dignidade, e do planeta.

O meu saudosismo não é vontade de voltar ao passado e esquecer todas as coisas boas que aconteceram. E os aprendizados adquiridos com os erros e acertos. Todas as coisas valeram e valem a pena. A saudade é do sentimento bom que pairava no ar, de poder sair às ruas e brincar à vontade, sem se preocupar com a hora e os vícios da "modernidade". Altas horas da noite, madrugada adentro, e o que se via era um grupo de amigos conversando e exercitando a criatividade com brincadeiras e estórias.

Cresceu o menino, as pessoas mudaram (de casa e de estado de espírito), as ruas ficaram sombrias, o ingênuo foi jogado pro canto da sala e é vítima de chacota. As rodas que se vêem nas ruas nem sempre são para coisas boas. E as brincadeiras, vez em quando, são de extremo mau-gosto. Claro que o mundo não ficou totalmente cinza. Felizmente, o arco-íris sempre surge em meio às tempestades e reluz suas belas cores, enfeitando o que se esconde na penumbra.

Hoje, até os heróis mudaram. Ninguém ostenta mais sua capa feita de toalha de banho ou lençol. Ninguém solta seus raios imaginários ou seus golpes fatais que dizimavam o mal. E, para o bem geral da nação, não se pensa em roupa de cuecão (quer dizer, só o cara que criou o esquisito do comercial, hehehehe). O heróis dos tempos atuais colocam outros tipos de fantasia, outras roupas especiais (sociais com gravatas, esportivas, uniformes, salvadores de vidas etc). Frágeis ou resistentes, famintos ou não, com olhos irritados de sono, apertado na condução ou preso no trânsito, eles (herói ou heroína), lutam contra os monstros internos e externos e combatem o mau-humor, as contas no final do mês, o trabalho empilhado na mesa, a responsabilidade de ter uma família e criar filhos, a missão de ensinar coisas boas e dar bons exemplos. E, principalmente, apesar de tudo, os novos combatentes continuam a ser imbatíveis, pois a jornada vai até tarde e no dia seguinte eles estão prontos, dispostos a começar tudo de novo.

Do passado, ficaram as boas lembranças, os valores assimilados e o brilho nos olhos, que ainda reluzem quando encontram outros olhos amigos ou quando a mente lembra que a criança de outrora sempre estará de prontidão, dando forças e revitalizando a alma do incansável herói.
Abraços.


Obs.: Não sei se todo dia, mas vez ou outra, você poderá encontrar aqui algum texto sobre as boas coisas da vida, cultura, poesia, indicações ou algum protesto que reflita minha indignação com as mazelas da sociedade.