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quinta-feira, 8 de março de 2012

Dorme menina, dorme!

A criança grita
Sem parar ela chora
Mamãe quer dormir
Enlouquece, esbraveja, implora
Bate em tudo que vê
Quiçá até mesmo no bebê
A criança grita
Pede, berra, chora
Como sua genitora, também implora.
A ela, um pouco de atenção
Carinho de mãe, naninha
Palavras doces, canção
Mãos macias na sua carinha.
Àquela, um momento sem tensão
Sem carícia, sem astúcia, sempre cheia
Garganta arranha, roça raiva na mão
E a filha não dorme, se joga, esperneia
Pobres vítimas da diária labuta
Podre vitrine da fatigável luta
Ora inocente ora cheia de culpa
Mãe que não quer ser
Bebê que precisa crescer
Mãe, pra que você serve?
Se sua filha não vai amar
Bebê, por que você não dorme?
Assim não vai apanhar
E a noite se tornaria calma
Do jeito que deve ser
Dormiria sua inocência
Esperando o alvorecer
E aquela perdida alma
Cansada da violência
Talvez fosse amadurecer
Cuidando de sua criança
Para vê-la resplandecer
Calaria o grito e a pancadaria
Calaria a vizinhança
Que não mais se assombraria
Sem saber de onde vinha
Aquele som de estarrecer
E sem saber o que fazer
Dorme menina, dorme!
É o melhor que pode fazer.

Manoel Gonçalves (7-3-2012)

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