Jeito simples
Sentado
à beira da porta
Escorado
no batente
Olhando
pro nada
Vendo
as galinhas correr
Sentindo
a brisa da tarde
Descansando
o esqueleto
Moído
da lida diária
Espreitando
o laranja do céu
Se
perdendo em meio à fumaça
Do
cigarro de palha
Do
fogão à lenha
Do café
fresquinho
Na
caneca de estanho
A “nega”
se balança na rede
Os
filhos estão por aí
O
sorriso estampa alguns dentes
O rosto
é marcado por rugas
Do sol,
da idade, da vida
Assim,
a noitinha chega
E só
resta ir pra rede
Que o
dia se aproxima
A
madrugada fria o espera
Num
convite rotineiro e solitário
Antes
que o dia clareie
Antes
mesmo que ele esquente
Seu
suor já terá molhado a roupa
Sua
fome se fará quase danada
E suas
mãos não sentirão nada
De tão
acostumadas e calejadas
Assim
ele contempla sua terra
Sua
vidinha simples no sertão
Apanha
seu facão e o enxadão
E se embrenha
na roça
Pra
garantir da família o pão
Nessa
paz, nesse silêncio
Que as
cidades desconhecem
Nesse
som desbravador
Que o
cimento não ecoa
Tudo
seguirá seu ritmo
Suado,
mirrado e árduo
Mas
feliz
Feliz por ser tão seu
Feliz por ser tão seu
Tão seu
como o fim de tarde
A
fumaça...
O café...
E a rede...
O café...
E a rede...
Manoel Gonçalves
2 comentários:
Como faço pra seguir seu blog??? Adorei. Visite-me tb:www.considerasobreducacao.blogspot.com
Obrigado, Anna Silva, vou retribuir a visita. Adorei nossa reunião. Abraço.
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