Durante o carnaval assisti a uma pequena entrevista, enquanto se desenrolava um dos desfiles, com o poeta do Cooperifa (se eu não me engano era o idealizador, Sérgio Vaz). Fiquei curioso e visitei o blog. Gostei da iniciativa e da proposta dos saraus. Lendo um dos seus posts recentes, Alunos do Capão Redondo assistem à aula sentados no chão, mandei um comentário, um poema que reproduzo aqui. Abraços.
Sala vazia, cabeça cheia
Em casa a mesa vazia
A cadeira se equilibra
Por vezes improvisada
Em pés retorcidos
Nas ruas a triste desolação
Violência, porrada, podridão
Lixo espalhado, água nas canelas
Pessoas sem rosto, quase sem gosto
O que fazer então?
Buscar alento na Educação
Esperar que a linhas traçadas
Tornem-se estradas a uma vida melhor
E se falta educar a quem promete?
E se a bela propaganda é tudo que se vê?
E as boas condições a que nos remetem?
Por onde andam os belos prédios da TV?
Como mentem! Como usam mal suas mentes!
Pensamentos desprovidos de imaginação
Como podem fazer brotar frutos e sonhos
No frio do piso, na folha pisada no chão?
A sala sem mesa, a mesa sem cadeira
A cadeira sem a pessoa, a pessoa sem dignidade
A escola desprovida de chamativos ao público
A política pública desprovida de vontade
Mas ainda há esperança
A porta não se fechou
A vergonha não impediu o orgulho
A chama não se apagou no piso frio
Há brilho nos olhares infantis
Há vontade de ensinar
De fomentar os sonhos
Alimentar as mentes
Fazer brotar a cultura
Transformar crianças sentadas no chão
Em adultos conscientes e realizados
Com desejos, sim, mas firmes na decisão
E aí sim, olhar o passado, saber que não foram em vão
Os anos dedicados à Educação.
Manoel Gonçalves
Um comentário:
Neco, meu caro, prazer enorme conhecer o seu "quintal" virtual. Tudo muito bom, inclusive essas cores que poucos usam (laranja e marrom), dando um aspecto muito pessoal na chegada ao seu sítio.
Vamulá: jáz tive a oportunidade (e o prazer) de frequentar alguns saraus da Cooperifa, organizado pelo lépido Sérgio Vaz e o Pezão. Se tiver uma pequena chance que seja, levante a bunda do sofá e vá lá também, posi posso afirmar com tranquilidade que a experiência única, incomum, extática. O evento lá rola toda quarta, sempre a partir das 19, 19 e trinta. O pessoal é super-simpático e hospitaleiro, o ambiente (um bar, "o" Bar do Zé Batidão) é simples, acolhedor e mágico: enfim, humano! Tem preço justo e o "escondidinho" que serve-se lá é "da hora", aconchega gostoso no estômago, enquanto poetas diversos mandam ver no palco dionisíaco.
Não sei o nome do bairro, mas fica lá pros lados do Campo Limpo. Mas descobrir o endereço creio não ser difícil, até porque o que não tem faltado lá é imprensa, sempre ávida para entender (ou pelo menos comentar em programas dos mais diversos perfis) como pode uma região da Sampalândia lá no fundão da zona sul produzir tanta gente de talento?
E - parafraseando - como pode o meu, o seu, o nosso Jardim São Pedro também legar ao mundo tantos poetas como os que encontramos desde os tempos (áureos) do Benedito Calixto, mesmo que a imprensa não se tenha dedicado a descobri-los, e dos quais você é um excelente representante?
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