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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

SAMPA

São Paulo
De amores
horrores
odores
dores
calores
cores
flores

São Paulo
amante
errante
gigante
massificante
dançante
importante
infante
instigante

São Paulo
minha São Paulo
nem o grito das sirenes
nem o estalar das balas
nem o fétido lixo nas calçadas
nem o ritmo acelerado
nem os pobres abandonados
nada
absolutamente nada
pode tirar o seu brilho
sua luz amarelada da madrugada
o sol nascendo entre os prédios
o cheiro do pão tomando o bairro
os operários no chão após o almoço
a moça que passa requebrando
a criança que sorri na condução
e puramente dá um tchauzinho

Assim é São Paulo
uma senhora que nos olha
parece ter rugas e estar cansada
mas no fundo é uma menina
acenando e mandando beijo
convidando a sempre visitá-la
estendendo seu braço
para um afago
e pedindo bis

O sol se põe entre os prédios
sim
ainda há beleza nessa metrópole
ainda há brilho em seu olhos
e doçura em seus lábios
A cidade descansa?
Nunca
Aí é que começa a fervilhar
O ciclo não pára
Sempre se renova
se inventa e inova
sempre colocada à prova
sempre acolhedora
como o colo quente da mãe
a acariciar as madeixas
dos filhos que vão e vem
sempre esperando que um dia voltem

Homenagem à cidade de São Paulo.

Manoel Gonçalves

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