Cara MG.,
Fiquei contente com a visita em meu blog e nos escritos que
ali tenho. Fique sempre à vontade para apreciar as paisagens, nem sempre tão
belas é verdade, mas que retratam um pouco das influências do mundo no dia a
dia. Dias que, por vezes, são tão barulhentos que parece que não ouviremos
sequer o próprio pensamento.
Em momentos assim, nada como o silêncio, seja ele da noite,
ao avançar das horas madrugada adentro, seja ele do poema inacabado, das curvas
desenhadas em versos ainda disformes, sem a força e o ritmo do ápice de sua
existência.
Quantos silêncios cabem em um poema? Nas intenções
sublimadas em palavras escolhidas a dedo ou sopradas em sussurros por vozes ocultas,
pirações visionárias ou inspirações latentes? Quanta coisa que deixou de ser
dita para que se chegasse à forma perfeita a que o poema final se apresenta?
Somente o autor para saber... talvez, nem ele mesmo o saiba.
Você já se perdeu em divagações antes do ato da escrita,
imaginando o rumo de uma ideia para um poema ou texto qualquer? E quando vai
começar a escrever, as linhas tomam outro rumo, outra estrada, outra lufada de
ar. Não que haja arrependimento por este ou aquele caminho, mas presos nesses
instantes, esquecidos nesses silêncios, tantos outros poemas ficaram e se
perderam ou ainda estão à espera que o seu criador venha resgatá-los para
dar-lhes forma e cor, movimento e sabor.
Por outro lado, a feitura do melhor doce requer a boa
mistura, as pitadas de ingredientes, a mexida no tempo e no jeito que só o
doceiro (ou doceira) sabe dar o ponto. Assim, na escrita, por mais que os rumos
pudessem ser outros, que palavras fiquem implícitas nas paredes da obra
acabada, as rasuras e alinhamentos são bem-vindos e necessários.
Citando isso, lembrei-me da música "Rasuras", do
inspirador e talentoso Oswaldo Montenegro: "...E mais que o mais perfeito/Rasurar
valeu a pena/Como esteve rasurado/O primeiro original/Do mais lindo poema".
Sigamos, portanto, perdendo palavras, encontrando orações,
ocultando verbos, desvendando advérbios, substanciando os substantivos, dando nomes e pronomes a quem
for de sujeito, rs.
Abraço.
MG
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Projeto Missivas de Primaversa, organizado pela Scenarium Plural. Participam os autores:
4 comentários:
Devo confessar que o silencio sempre me incomodou. Desde pequena, crescendo entre mais 6 irmãos o silêncio não era lá muito comum entre a gente.
Aqui, seu silêncio foi cortado pela magia da voz do Osvaldo Montenegro e embalei-me nas suas palavras.
Adorei ficar aqui entre suas linhas.
abraços
Eu não apenas perco palavras, como geralmente acabou por perder a mim mesma. rs
bacio
Obrigado, Mariana. Também sou de família gigante, mas um silêncio às vezes cai bem. rs. Seja sempre bem-vinda. Abraço.
Perder-se ao escrever é entrar em um mundo paralelo, ter ciência do que acontece à sua volta, mas também se permitir ir além, muito além. Abraço, Lunna.
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