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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Nem só de café vivem os loucos


"Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz..."

(Balada do Louco - Os Mutantes - Composição: Arnaldo Batista/Rita Lee)

Cara AA.,

Escolhi a você para o envio dessa missiva não exatamente pelo tema, loucos e café, rs, embora tenha tudo a ver, mas justamente pela diversidade e multiplicidade dessa mistura. Como diz a música que destaquei, ser louco por ser feliz e louco (no sentido mais distante de uma suposta normalidade do ser) quem diz não ser. Somente nesse estado de graça alguém poderia imaginar ter uma Boca a Penas, viajar entre borboletas e lagartas, inspirar desenhos e figuras.

Entre uma divagação e outra, ouço a máquina do café em funcionamento. O aroma já toma conta da cozinha e se espalha pela sala. Lembro das esculturas que a Flavia fez com o tema do seu livro Amor Expresso, inevitável coincidência ao pegar a xícara de café para sorver um gole. A fumaça embaça a lente dos óculos e se perde em loopings aromáticos sobre a mesa.

A noite se deslancha, entrando sorrateira pelos silêncios e ecos da madrugada. O café vai chegando ao fim, mas o gosto permanece por muito tempo ainda. E parece que é esse gostinho que fica, que deixa um gostinho de quero mais, que prepara para uma próxima xícara, mesmo que não de imediato.

Da mesma forma, li suas cartas em seu blog e os poemas que vez ou outra esbarro com eles nas redes. O poema passa, mas fica também aquele gostinho de quero mais, que prepara para a leitura de um próximo, mesmo que não seja de imediato.

Aliás, preciosidades como essas devem ser apreciadas com sapiência, aproveitando cada gole, cada palavra, cada aroma, cada sentimento, por mais loucuras que possam representar.

Abraço.

MG

Quinto tema da blogagem coletiva Missivas de Primavera, com os da Scenarium Plural. Participam desse projeto os autores:

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