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quinta-feira, 19 de março de 2009

GUERREIRO DO APOCALIPSE

No quarto somente a cama
Lençol mal arrumado
Rosto mal traçado
Um traço sombrio emana
Da triste vida cansado
Omite um brilho, uma chama
Emite um riso abafado

Ilusões da mente insana
Por dentro um grito que clama:
- Olhe-me, ainda estou aqui!
Mas tudo se torna lama
De onde não pode sair
Abismo grande
Passado
Querendo-o sucumbir

Nas trevas, meio rosto perfeito
Meio corpo desfeito
Meia alma estraçalhada
Rajada de tiros?
Não. Granada!
Pessoas que voam
Batalha
Gargantas cortadas
Navalha
Matas em silêncio
Sonhos internos
Mortes em vício
Vidas em inferno

O estouro ecoa
Barulho
Estrondo que lembra, perturba
Limita o homem ao muro
De estranhas formas pontudas
Lembranças muito agudas
Deixam o ser inseguro
Guerreiro do Apocalipse!
Submerso na imundice
Confuso em sua crendice
Escondido no escuro
Jorrando o líquido impuro
Do horrendo e grotesco furo
A ferida aberta no peito
A dor latente na mente
Pesadelo sempre presente
Vergonha do mal já feito


Manoel Gonçalves

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